terça-feira, 29 de junho de 2010

Repensando a maneira de trabalhar a divisão

Nesta reflexão vou abordar o trabalho que estou desenvolvendo sobre divisão a as dificuldades encontradas por meus alunos.
Ao iniciar este conteúdo, trabalhei de forma bastante concreta usando especialmente as unidades do material base 10 e histórias representadas por meio de desenhos. Após, fui fazendo a transição para a representação através dos numerais. Ao meu ver o processo estava entendido, já que estavam realizando os cálculos de forma correta, mesmo que realizando ainda operações concretas como auxílio para resolução dos problemas.
Entendo que poderia avançar e portanto trazer cálculos maiores onde se usa um numeral de cada vez. Para minha surpresa os alunos encontraram dificuldade muito grande, não conseguindo entender o processo. Descobri que o processo da divisão ainda não está assimilado como deveria. Por isso retomei o conteúdo.
Na minha concepção já havia acontecido a compreensão de todo o mecanismo da divisão e portanto já poderia partir para a operação abstrata. Creio que cheguei a esta conclusão pois quando tinha a antiga 4ª série onde já se desenvolve a divisão por dois números não necessitando mais trabalhar o concreto. Esta mudança de série para ano por vezes nos fazem por vezes esquecer que 4º ano e 4ª série não são sinônimas. Foi isso que aconteceu, visualizei o 4º ano como se fosse uma 4ª série e portanto considerei o mesmo nível de desenvolvimento das operações, já partindo para o abstrato.
Como disse em outra oportunidade, da mesma forma que nosso alunos vão adquirindo o saber, nós também partimos dos erros, das respostas de nossos alunos para repensar nossa prática e aperfeiçoá-la em situações como esta.

sábado, 19 de junho de 2010

Informática na sala de aula, ainda um desafio para mim nquanto docente

Estes quase 4 anos de universidade, me trouxe muitas aprendizagens, muita satisfação e algumas inquietações.
A satisfação está no fato de que certas teorias e discussões levantadas vieram confirmar o que já fazia na prática. Afinal pelas respostas que os alunos iam dando ao que propunha, percebi as necessidades de mudar minhas estratégias.
As aprendizagens foram proporcionadas especialmente pelo embasamento teórico recebido.
No entanto, ainda há alguns aspectos a melhorar. Me refiro a apropriação das ferramentas tecnológicas. Como já coloquei em postagem anterior, superei várias dificuldades, evolui no domínio destes recursos no que se refere ao aspecto pessoal. Porém ainda não me sinto segura para trabalhar com os alunos. Para mim ainda é difícil elaborar uma aula onde os alunos possam fazer uso destes recursos. Preciso buscar maiores subsídios para desenvolver uma boa aula virtual, onde os alunos realmente aperfeiçoem a aprendizagem, dominem este saber e como conseqüência utilizá-lo posteriormente nos diversos aspectos de suas vidas. Não quero apenas uma reprodução no computador do que é feito na sala de aula com as ferramentas tradicionais (quadro, giz, caderno, etc). Este é meu desafio daqui pra frente.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

PASSEANDO POR NOVO HAMBURGO

A semana que passou apesar de curta em função do feriado foi bastante significativa e proveitosa. Com certeza muitas aprendizagens se realizaram, afinal finalmente o passeio pelo centro de Novo Hamburgo, tão aguardado, se concretizou.
Pude observar o quanto o passeio foi esclarecedor para a grande maioria, já que as informações passadas em sala de aula puderam ser visualizadas. E sabemos muito bem que ao visualizar, interagir, sentir-se dentro do contexto, traz ao aluno muito mais significação, muito mais sentido.
Trabalho em uma realidade bastante precária e a visão de mundo que meus alunos tem é muito limitada. As vivências fora da comunidade na qual vivem são muito restritas.
Desta forma, ao proporcionar um passeio que aos olhos de outros possa parecer corriqueiro, para estas crianças é fundamental, pois é uma forma de ampliar seus horizontes, fazer com que lancem um olhar para além dos arredores da escola, da sua casa, enfim da comunidade onde estão inseridos.
Alguns já conheciam o centro da cidade, todavia não tinham percebido muitos lugares como igrejas ou monumentos existentes na conhecida “Praça das Pombas”, na verdade Praça do Imigrante. Esta constatação está nos relatos que fizeram oralmente através dos questionamentos que propus, depois que retornamos para a escola. Um aluno me disse: “ Ah professora! Eu vou no centro com a minha mãe, passo pela Praça das Pombas mas não tinha prestado atenção que tem estátuas e monumentos. A gente passa muito ligeiro.” Outra aluna falou: “Eu não sabia que tinha uma igreja tão grande”, referindo-se a Catedral São Luiz. Essa fala das crianças retrata o momento que estamos vivendo. Um cotidiano extremamente imediatista onde não temos tempo para parar observar, conhecer, reconhecer se quer o lugar onde vivemos. Isto resulta na perda de identidade, de referenciais históricos que nos façam compreender o presente e valorizar nossa terra, nossas origens. Nos valorizarmos enquanto povo, enquanto cidadão. Mais do que nunca é imprescindível a escola redimensionar a importância dos Estudos Sociais no cotidiano da sala de aula. Aqueles que estavam indo para o centro pela primeira vez, acharam tudo muito bonito, diferente, tudo era novidade. Aos poucos foram percebendo que o bairro Santo Afonso, que o centro são partes de um mesmo espaço chamado Novo Hamburgo mas com suas peculiaridades.
Finalizando, a grande unanimidade foi o Espaço Cultural Albano Hartz. Lá puderam admirar obras de um dos mais renomados artistas plásticos hamburguense: Marciano Schimitz. Meus alunos ficaram encantados com os quadros expostos. Chamaram a atenção para o tamanho dos mesmos e os detalhes das pinturas. Uma aluna me disse: Profe parece de verdade. Como ele consegue pintar assim? Os alunos demonstraram muita sensibilidade pois sentiram-se tocados pela arte. Cada vez mais me convenço que necessitamos proporcionar as nossas crianças vivências como esta. Quando ocorre o estímulo, as potencialidades vem à tona. Vamos dar oportunidade à nossas crianças. Elas tem muito a aprender e muito a nos ensinar também.

ALUNO COM DÉFICIT DE APRENDIZAGEM

Como coloca Jean Piaget é pelo interacionismo que a criança constrói sua aprendizagem . A sua capacidade cognitiva associada aos estímulos externos que recebe, as vivências, experiências e as condições que lhe são proporcionadas contribuem para que o processo se construa.
É imprescindível relacionar a alfabetização com o letramento a fim de que a criança perceba a importância, o significado do mundo das letras.
Todavia, quando tais estímulos e condições ideais para o desenvolvimento pleno da criança aliada ao déficit cognitivo, a aprendizagem não acontecerá de forma satisfatória. Trago este assunto visto que em minha turma tenho um aluno multi repetente, 14 anos. Ele não consegue acompanhar os demais colegas, mais novos. Lê com muita dificuldade. O mais grave está na escrita, já que não consegue escrever quase nada. Cheguei a pensar que talvez a letra cursiva seria um empecilho para que conseguisse escrever. Solicitei que usasse a letra script ou escrevesse tudo com letras maiúsculas. Para minha angústia, aconteceu o mesmo. O menino escreve apenas o que está memorizado. Apesar da minha pouca experiência com alfabetização posso afirmar que ele não é sequer pré-silábico. Coloca as letras aleatoriamente.
Este menino precisa de um atendimento especializado (psicológico, psicopedagógico), a fim de que se tenha um perfil deste aluno que explique o porquê de tanta dificuldade. Ele não tem nenhum laudo médico. Veio para a escola na 2ª série e segundo uma colega que foi sua professora, onde estudava anteriormente a mãe fazia os encaminhamentos necessários. Na troca de escola, porém, ela não deu prosseguimento ao tratamento e “abandonou” o filho neste sentido. Como conseqüência ele não se desenvolve.
Minha reflexão é a seguinte: o que fazer, como fazer se o meio em que vive não oferece condições para avançar na aprendizagem. Como avaliar um aluno assim? Aprová-lo? Mas em que condição? Reprová-lo? Nada acrescentará, permanecerá estagnado. Nestes 20 anos de sala de aula, creio que este está sendo um dos casos mais complicados. Me sinto angustiada por não conseguir ajudá-lo. Como será o futuro deste menino?